terça-feira, 24 de abril de 2007

Observatório da imprensa - Os juros que o governo paga



Numa quinta-feira (12/4), o blog Em Cima da Mídia, do jornalista Mauro Malin, divulgou uma entrevista com o economista Otaviano Canuto, diretor do Banco Mundial em Washington, onde está há três anos. Ele diz que a cobertura do quadro econômico internacional pelos jornais brasileiros é incompleta. "Com algumas exceções, não é sistemática, fica muito dependente de modas ou de algum tópico que se torna estrela da noite para o dia. Não tem muito background, às vezes, não entra como parte de uma cobertura que permita ao leitor saber o que esperar a partir dali", avalia Canuto.
Eu comentei o post dizendo que o diretor do Banco Mundial está coberto de razão. O brasileiro está nas mãos do capital financeiro internacional e paga por isso um preço enorme, se contabilizados nossos milhões de miseráveis reais e os bilhões de dólares em juros e remessas de lucros que saem do país. Mas sequer tem informação sobre o que se passa lá fora (com reflexos quase imediatos aqui), a menos que tenha acesso ao Monde, ao Financial Times ou ao New York Times...
Nossos jornais não se dão ao trabalho, sequer, de examinar questões como o da renda fixa garantida pelo governo a quem tem dinheiro mas não se anima a investir em atividades produtivas. Pois sabe que é mais lucrativo embolsar aqueles 8% ou mais de juros líquidos pagos por ano pelo governo a quem lhe empresta dinheiro. Como disse recentemente a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, segundo um colunista da revista Veja.


Juros escorchantes
Esse é um problema antigo, de mais de meio século, que nunca foi aprofundado por nenhum grande jornal brasileiro. Há forças poderosas, e não ocultas, interessadas em manter-nos eternamente ignorantes nessa questão, ao contrário de outros países que despertaram e ultrapassaram o Brasil em desenvolvimento, como Japão, Coréia, China e Índia. Em muitos deles, a renda fixa é de 1% ao ano e quem tem dinheiro não quer emprestar ao governo – vai montar seu próprio negócio, criando empregos e desenvolvimento.
Aqui nós temos excesso de economistas sabidos e jornalistas ignorantes. Os primeiros se locupletam com aquelas forças poderosas. Os segundos se contentam, a maioria, em receber no fim do mês o mínimo do mínimo e ter um emprego garantido, sem se arriscar desafiando a posição cômoda e ignara dos patrões. Ou, a minoria, a embolsar um bom dinheiro para também se locupletar. Enquanto isso, o Santander e outros bancos estrangeiros vão-se capitalizando com os juros que cobram aqui e, de lambuja, com as altas taxas, para ir comprando posição no comando das empresas brasileiras, inclusive jornalísticas. Tudo bem, para quem acha que o destino do Brasil é o de eterno colonizado.
Sobre os juros escorchantes que pagamos – nós e o governo –, a ministra Dilma tem o que dizer, mas ninguém quer prestar atenção. Eles são escorchantes porque o governo, há pelo menos 50 anos, escolheu remunerar bem a renda fixa para quem não quer trabalhar. Era uma forma de nosso governo, que sempre combateu o comunismo, inimigo do livre mercado, ir dominando a economia (no auge do regime militar, respondia por mais de 70% do PIB), ao mesmo tempo em que ia enriquecendo nossos capitalistas.


Aula 16 - 20/04/2007 - Imersão, Emersão, Inserção

Hoje foi discutido sobre imersão, emerção e inserção, como sempre a aula foi muito polêmica, vários pontos de vista diferentes, várias opiniões. Todo mundo briga para participar, aulas assim são boas, não nos sobra espaço para o sono.

Resumindo um pouco dá pra dizer a respeito:
•Inserção: è um momento de transformação, é a teoria da emersão + a pratica da imersão!
•Imersão: pratico, quem fica só na imersão não consegue pensar e nem interpretar o mundo!
• Emersão: terioa, é real porque não é uma mentira.Mas é abstrato porque não é concreta!

Aula 15 - 16/04/2007 - Ideologia

Hoje foi falado sobre ideologia. As varias formas que existe para essa palavra!Que pode ser um conjunto de ideias, concepções ou opiniões sobre algum ponto sujeito a discussão; ou ainda quando se é perguntado qual é a ideologia de um determinado pensador, podemos estar nos referindo a sua doutrina.

Aula 14 - 02/04/07 - Cultura: Um conceito antropológico


Não existe um consenso, na antropologia moderna, sobre o conceito de cultura. Roger Keesing, antrolólogo, em seu artigo "Theories of Culture" (1974), define cultura de acordo com duas correntes:


- As teorias que consideram a cultura como um sistema adaptativo: culturas são padrões de comportamento socialmente transmitidos que servem para adaptar as comunidades humanas ao seu modo de vida (tecnologia, modo de organização econômica, padrões de agrupamento social, organização política, crenças, práticas religiosas, etc.)As teorias idealistas da cultura são divididas em três abordagens:


- A primeira considera cultura como sistema cognitivo: cultura é um sistema de conhecimento, "consiste de tudo aquilo que alguém tem de conhecer ou acreditar para operar de maneira aceitável dentro da sociedade".


- A segunda abordagem considera cultura como sistemas estruturais: define cultura como "um sistema simbólico que é a criação acumulativa da mente humana. O seu trabalho tem sido o de descobrir na estruturação dos domínios culturais - mito, arte, parentesco e linguagem - os princípios da mente que geram essas elaborações culturais.- A terceira abordagem considera cultura como sistemas simbólicos: cultura é um sistema de símbolos e significados partilhados pelos membros dessa cultura que compreende regras sobre relações e modos de comportamento.

Observatório da imprensa - desinformação poítica


Geografia Política ou simplesmente geopolítica. Este é um termo que provavelmente poucos sabem o significado, mas que é responsável por grandes mudanças no estudo da realidade de uma nação. Estudar geopolítica é observar a estratégia, a manipulação e a ação de um país. Isso ficou um pouco mais claro após a Segunda Guerra Mundial, quando o capitalismo e o socialismo foram confrontados num conflito entre Estados Unidos e União Soviética. Mais tarde, com o enfraquecimento desta última, houve um liberalismo político em boa parte dos países da Europa Oriental e aconteceu uma nova transformação na sociedade mundial: a globalização.
Praticamente todos aderiram ao sistema capitalista. Os que não o fizeram, foram logo classificados pela imprensa e, conseqüentemente pela população, como ameaças à democracia. Mas antes de fazer uma análise mais aprofundada de como os veículos de comunicação brasileiros retratam essa questão, é preciso entender primeiro o que são esses conceitos.
São considerados como direita os governos capitalistas, que geralmente apóiam os valores tradicionais, conservadores. Esses líderes defendem a preservação das leis e dos direitos individuais e a restrição do Estado como controlador da economia. Favorecem também o status quo (manutenção de um sistema). Por outro lado, os governos de esquerda defendem o humanismo e o fortalecimento do Estado. Tradicionalmente, esses governos eram associados também ao socialismo, mas esse conceito praticamente acabou com o fim da União Soviética. O mais comum atualmente são países de esquerda que são capitalistas. Eles adotam a economia de mercado, porém, com rigorosa distribuição de renda.
O professor Nielsen de Paula, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, acredita que a queda do comunismo enfraqueceu a esquerda. Ele explica que, depois da década de 1990, quando o socialismo desmoronou, a economia de mercado tornou-se predominante. Segundo ele, nesse período foi preciso fazer uma série de reformas no Estado. É nesse ajuste, afirma, que alguns países vão se aproximar mais do modelo norte-americano e outros não, ou irão fazê-lo com mais lentidão. "Todas essas reformas são para ajustar o Estado e a economia à nova realidade mundial, onde não existem mais economias planificadas, e sim, a maioria das economias de mercado é aberta". Pires enfatiza que toda a questão parece estar fundada neste problema: abrir ou fechar o mercado.

Aula 13 - 30/03/07 - Continuação: Cultura, um conceito antropológico

Para Edward Tylor, Cultura é o todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade. Tylor, foi o primeiro a formular o conceito de cultura do ponto de vista antropológico da forma como é utilizado atualmente. Na verdade, ele formalizou uma idéia que vinha crescendo desde o iluminismo. Jonh Locke, em 1690, afirmou que a mente humana era uma caixa vazia no nascimento, dotada de capacidade ilimitada de obter conhecimento, através do que hoje chamamos de endoculturação.
Tylor enfatizou a idéia do aprendizado na sua definição de cultura. O homem é um ser predominante cultural. Graças à cultura, ele superou suas limitações orgânicas. O homem conseguiu sobreviver através dos tempos com um equipamento biológico relativamente simples. Um esquimó que deseje morar num país tropical, adapta-se rapidamente, ele substitui seu iglu e seus grossos casacos por um apartamento refrigerado e roupas leves - enquanto o urso polar não pode adaptar-se fora de seu ambiente.

Aula 12 - 26/03/07 - Religião


Em todos os tempos desagradou a muitos a Religião Católica, não só porque é muito sublime o que propõe para crer, mas porque é muito dificultoso o que propõe para praticar. Ainda em nossos dias muitos dos bárbaros não têm dificuldade em acreditar nossos mistérios. E como a poderiam ter, se cada um deles em suas seitas acredita coisas tão estranhas e tão repugnantes, que tem mais que vencer em acreditar as suas loucuras que as nossas verdades? O seu trabalho consiste em sujeitar-se às nossas leis. Estas têm rebelado à Igreja cem nações, e conservam ainda muitos povos na infidelidade. Uns se declaram contra a penitência como um peso muito gravoso, outros contra o nosso culto como coisa muito supersticiosa, outros contra a castidade como um preceito muito difícil. Mas que conseguiram? Nada mais que mostrar a depravação dos seus corações sem alterar a pureza da nossa Religião. Por mais esforços que hajam feito as paixões humanas, não puderam ainda abolir uma só Lei no Código da Religião. Que digo eu abolir? Não puderam adoçá-las, ou temperá-las na mais pequena parte. Depois de tantos e tantos séculos, com tantos e tantos inimigos, cada ápice do Evangelho conserva ainda todo o seu rigor. Aquele sacrossanto jugo que trouxeram os Apóstolos, é o mesmo a que ainda submetemos o nosso pescoço, sem que se torne mais ligeiro, ou pelo tempo que estraga todas as coisas, ou pela violência que as rompe. Muito cumpria à humana fraqueza alargar os caminhos do Céu e dilatar-lhe algum passo mais. Muito cumpria que as portas do Paraíso fossem menos apertadas. Mas não, estas são de bronze, não se podem alargar mais. Embora se quebrantem muito os divinos preceitos, todos confessam que eles obrigam. Não é o homem casto, mas conhece que o deve ser; cometem-se delitos, mas sentem-se remorsos; e ainda que se obre contra a Lei, a Lei não dorme, mas grita, e chama a seu tribunal os transgressores.Mas esta liberdade de transgredir a Lei, é o último, e talvez o maior sinal de que Deus assiste à sua Religião, pois a faz triunfar da depravação dos seus mesmos sequazes, inimigos tanto mais formidáveis quanto são mais ocultos e mais domésticos. Sou obrigado a falar das nossas ignomínias e me envergonho, que devendo fazer a resenha das palmas alcançadas pela Religião em suas vitórias, deva por necessidade encontrar-me com os nossos despojos. Eu o sei, mas não imaginava ler entre os títulos dos vencidos também o nosso nome. Mas é assim, triunfa a Religião de nós, sustentando-nos contra nós, não obstante a guerra terrível que nós lhe fazemos com os nossos vícios. À vista deles, quem não diria não ser possível que dure uma Religião contra a qual se revoltam os seus mesmos filhos? Observai como se vive nas cidades mais católicas, como em Lisboa se vive. Com quanta facilidade derramam aqui uns o sangue dos outros! Quantas inimizades há entre os particulares, quantas discórdias nas famílias! Que licença e devassidão nos mancebos! Que avareza nos velhos! Que injustiças nos tribunais, que violências nos soldados, que prepotências nos nobres, que enganos nos plebeus, que luxo, que vaidade, que liberdade nas mulheres! Se Deus não tivesse aqui deixado algumas almas justas, semente e relíquia dos séculos santos, seria esta cidade em tudo semelhante às cidades do paganismo. Quantos entre os gentios, porque nós vivemos com eles na Ásia, na África e na América, recusam crer como nós? Eis aqui os danos que causam os nossos vícios à Religião.

Observatório da imprensa - O efeito dominó das imagens


A imprensa noticiou – sem muita ênfase, é verdade – que professores norte-americanos vêm fazendo sérias ressalvas à cobertura televisiva do massacre na universidade da Vírgínia. Consideram que a disseminação livre ou "descontrolada" das imagens do acontecimento poderia suscitar novos comportamentos anômicos dessa mesma natureza, uma espécie de efeito-dominó da catástrofe.
É difícil estabelecer relações de causa e efeito quando se trata da coexistência do mundo virtual com a realidade sócio-histórica, mas o fato é que a nação norte-americana, ainda traumatizada pelo massacre na Virgínia, assistiu quatro dias depois ao episódio do engenheiro espacial da Nasa que se entrincheirou num prédio, em Houston, para fazer dois reféns, matar um deles e se suicidar. Na verdade, segundo os jornais, este foi apenas o caso mais grave de um dia marcado por ameaças de bombas e de ataques a tiros contra escolas em Nova York, Nova Jersey, Minnesota, Califórnia, Washington, Arizona e Texas.
O temor quanto ao efeito-dominó parece, assim, ter alguma razão de ser. Há algum tempo, a pesquisadora francesa Marie-José Mondzain, indagando-se sobre a possibilidade de que um crime tenha encontrado o seu modelo nas ficções audiovisuais, dizia que, em sua realidade sensível e suas operações ficcionais, as imagens "se colocam a meio-caminho das coisas e dos sonhos, num entre-mundo, um quase-mundo, onde se dispõem talvez as nossas servidões e as nossas liberdades".