Os poderosos ridículos
No dia da chegada do presidente americano, um leitor do "observatório da imprensa" passou duas vezes num viaduto sobre a Avenida 23 de Maio, por onde passaram as limusines blindadas de sua comitiva. Lá, viu meia dúzia de soldados magrinhos, assustados, com aquele uniforme de camuflagem de selva e fuzis maiores do que eles. Ao lado, um imenso blindado cheio de canhões.
O leitor riu, mas ficou assustado: se houvesse qualquer problema, iriam disparar aquelas armas pesadas numa área densamente habitada de São Paulo?
Foi ridículo. Foi mais ridículo ainda ver a passividade com que os meios de comunicação aceitaram as exigências da segurança de Bush – que, por mais justificáveis que fossem, em termos de segurança, eram claramente inaceitáveis por prejudicar a população da cidade. Bush que nos desculpe, mas se é para bloquear São Paulo, é melhor que não venha de novo. Ele que use helicóptero!
Quanto a trazer dos Estados Unidos da gasolina para os automóveis até a água mineral, é procedimento-padrão – é assim em visitas ao Burundi e à Inglaterra. As normas estão lá e são seguidas – e nós, brasileiros, até que não podemos reclamar muito. A seleção brasileira de futebol já levou Leite Moça para a Suíça, na Copa de 1954; levou feijão ao México, nas Copas de 1970 e 1986; levou carne de porco e batatas à Alemanha, exatamente o país em que carne de porco e batatas são a base da alimentação. Por que Bush não poderia trazer seu azeite, em vez de confiar naquela mistura de soja, algodão e óleo de carro que apareceu na TV?
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