O debate sobre os rumos da televisão pública no Brasil tem passado ao largo de um elemento que pode mudar o rumo da discussão. Até agora todo mundo só fala em posicionamentos ideológicos, metas políticas, estratégias editoriais e origem de recursos financeiros. O que ainda não foi posto sobre a mesa é o fato de que a internet está mudando tudo em matéria de comunicação, inclusive o modelo de televisão que conhecemos e que deve assumir uma nova cara dentro de poucos anos.A predominância dos conteúdos textuais cede lugar, cada vez mais, para as imagens dinâmicas e com isto a narrativa on-line ganha características próprias. À medida que cresce o uso da banda larga, a convergência áudio, visual, textual e interativa vai acontecer, predominantemente, na internet. E o dilema será entre acessar imagens na tela do computador ou na sala de jantar. Uma questão de ambiente e de postura do usuário, porque em matéria de conteúdo as diferenças tendem a diminuir progressivamente entre a internet e a televisão. A diferença entre as duas existe e não é pequena. A televisão via banda larga adota uma narrativa mais linear com uso limitado da interatividade. Já a WebTv tem uma estrutura basicamente não linear, ou seja, é o usuário que cria a sua lista de programas preferidos, como também estabelece, dentro de cada programa, qual a seqüência de navegação pelos conteúdos. A maior interatividade com o usuário é talvez a grande característica de uma WebTV pública, que pode preencher o vácuo criado pelas emissoras privadas no que se refere a formação de comunidades de informação, a partir de uma perspectiva não-comercial e não-lucrativa.A webtv publica pode também exercer uma função educativa na medida em que é o canal ideal para capacitar usuários no exercício do recém conquistado poder de publicar conteúdos na internet, seja através de textos em weblogs, áudio em podcasts ou de vídeos nos videologs.As emissoras comerciais têm muito mais dificuldade para experimentar formatos novos de comunicação on-line porque dependem de publicidade e os anunciantes não gostam de correr riscos. Uma webtv pública não tem estas limitações porque sua sustentabilidade não depende da publicidade convencional. O que a torna especialmente apta para testar novos sistemas e principalmente a interatividade com o público, uma área onde ainda predominam as iniciativas empíricas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário